sábado, 25 de outubro de 2008

De repente...

Olhar fotos antigas, despreocupadamente, dá uma saudade estranha. Saudade na verdade é uma coisa boa de se sentir. É gostoso olhar fotos e objetos do passado e sentir certo torpor, uma nostalgia, aquela cócega no coração que faz a gente suspirar. Mas ao mesmo tempo eu pelo menos sinto uma coisa estranha. Como se tudo estivesse rápido demais, se as pessoas passassem rápido demais pela minha vida e de repente me desse a vontade louca de agarrar tudo de volta, de gritar para essas pessoas que significaram tanto e hoje não estão mais aqui: "Volta, volta!"
Ao mesmo tempo olho para todas as pessoas que estão à minha volta, que significam tanto, e sinto um medo paralisador de que de repente elas não estejam mais ao meu lado. Porque tudo acontece de repente, não mais que de repente. Uma hora estamos de um jeito, no instante seguinte tudo mudou. Dá vontade de gritar: "Fica, fica!". Sinto falta de tanta gente e tantas coisas... Queria poder dizer a todas essas pessoas que passaram que sinto falta delas. Isso não inclui gente que me faz mal. Dessas quero total e absoluta distância.
Tudo passa rápido demais e às vezes não dou conta de assimilar muito bem esse ritmo. A gente viaja, come, bebe, dorme, ri, ama. No meio dessa velocidade vertiginosa, me perco. Entre meus livros, meus sonhos e planos, às vezes não sei mais o que fazer, nem o que é realmente importante. Tenho medo, sabe. Medo. A gente sempre tem milhões de coisas pra fazer e conhece centenas de pessoas, mas na verdade se sente tão sozinho. Somos todos solitários, querendo um pouco de atenção, um pouco de dedicação. Estamos em nossos mundinhos, abrindo neles apenas uma pequena brecha para implorar ao outro, tão solitário e egoísta quanto nós mesmos, um pouco de atenção. Eu tenho medo da solidão. De repente, não mais que de repente, quando as luzes das festas se apagam, os livros se fecham e a gente fica com o próprio vazio e apenas com isso.

Um comentário:

Fran Rodrigues disse...

Ai lidoca, me vi em todas as tuas palavras.

E de repente deu uma saudade tb.

Abração!