quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sob as bençãos de Pachamama

Há quase um ano atrás pedi permissão à minha editora no jornal para ir à Bolívia. Eu só queria uma semana para matar minha saudade daquele lugar. Em troca da liberação cheguei a loucura de oferecer uma reportagem por dia. Ela me mandou falar com o editor-chefe, que fez o seguinte comentário:

- Se fosse Paris ou Nova Iorque, mas ninguém quer saber nada sobre a Bolívia. Esses textos não me interessam.

Chocada com tal comentário vindo de um jornalista brasileiro com anos de profissão, engoli minha indignação e desisti de argumentar. No final das contas até consegui a liberação e o jornal nem foi o motivo de eu não ter podido viajar. Mas o fato é que até hoje isso ecoa na minha cabeça e me faz querer cada vez mais mostrar porque me apaixonei por esse nosso vizinho. Cada vez que me lembro disso, sinto uma vontade enorme de que todo mundo saiba como são injustos os julgamentos de algumas pessoas que não dão valor à nossa América Latina, como se nem fizessem parte dela. A Bolívia é um país fascinante, delicioso e cheio de mistérios. Mas só encanta e transforma quem se abre para sua história e magia.

Conheci esse país graças à loucura maravilhosa de um grande mestre. Em 2006 o professor Nilton José foi aos poucos colocando em nós a sementinha dessa ideia, que deu origem ao I Colóquio BraBo e a uma parceria maravilhosa com a Escuela de Cine y Artes Audiovisuales de La Paz. O projeto foi amadurecendo e hoje é com muito carinho e orgulho que espero ansiosa pelo IV Colóquio BraBo, que começa no dia 26. Além das discussões do evento, esse ano duas turmas se preparam para tornar-se cineastas populares por meio do Curso de Cine Sin Fronteras. A semente tornou-se uma bela árvore que dá frutos a cada dia mais lindos.

Além de tudo isso que tem tomado proporções muito maiores do que as esperadas por nós no início, há outra herança maravilhosa: as pessoas que conhecemos e nos abrigaram no primeiro colóquio. Já são três anos de "convivência". Foram muitas alegrias, tristezas e lutas, compartilhadas virtualmente. Enquanto batalhávamos daqui para não deixar nossas ideias morrerem, eles, de lá, lutavam também. Com a chegada do IV Colóquio, quero fazer uma pequena homenagem, aqui, a algumas dessas pessoas. Eu só tenho que agradecer os momentos lindos que me proporcionaram, a amizade, o amor e os laços de irmandade. Muito obrigada. Que estejamos sempre unidos e que Pachamama abençoe nossos caminhos.

sábado, 1 de agosto de 2009

Novo semestre, nova cara, nova vida

Sei que já faz um tempinho que mudei a cara do blog, mas ainda dá para dar uma explicação para tanta mudança tão perto uma da outra. A verdade é que mesmo já tendo mudado o layout do Sussurro algumas vezes, ainda não tinha achado o tom de sussurro que eu gostaria. Queria algo diferente, com a minha cara e tom de texto que eu busco. Depois de concluir que não ia conseguir fazer isso sozinha, fui atrás de uma alma sensível, uma pessoa que me conhecesse o suficiente para me ajudar a achar essa identidade, esse layout que ficaria para sempre. Que eu olhasse e me ajudasse a viajar. Muito generosamente, o Carlos Alexandre topou me ajudar com isso. Generosamente mesmo porque sou muito chata e não tinha imagem no mundo que eu gostasse, mesmo ele sendo ótimo profissional e uma das poucas pessoas que me conhecem de verdade. O coitado fez uns três topos diferentes.

Até que encontramos essa figura na janela e os tons que combinavam perfeitamente com a leveza dela, com algo etéreo, com o sussurro gostoso que arrepia a alma. A imagem é do quadro Mulher à Janela, de Salvador Dalí. Teve gente que não curtiu muito... Mas eu confesso que mesmo com quase um mês de layout novo eu ainda me pego babando e achando lindo. Meio que me coloco no lugar dessa mulher... Ela é tão simples, de pés no chão, simplesmente observando, inventando sua própria janela... Até posso sentir o vento nos cabelos... Eu, como legítima cria do interior, adoro uma janela. E o Sussurro é minha janela, minha alternativa para escrever tudo o que tenho vontade.

Quem sentir falta do layout anterior, ainda terá como matar as saudades. Continuo extremamente apaixonada pela fotografia do Julius, destaque do layout anterior, por isso vou deixar a foto ali do ladinho direito. Além de representar muito bem o blog, também acho uma delícia poder ter ela ali para olhar de vez em quando. Nunca que me desfaço desse trabalho tão lindo que tive a sorte de conhecer. E o Sussurro continua assim. Entre trancos e barrancos, é meu espaço para alguns textos tortos. Sintam-se à vontade.