Um dia de desastre, um
dia de beleza. Os livros embaixo do braço, a crença de que todavia se pode
fazer alguma coisa pelo mundo, por esse seu mundinho medíocre, sua bolha delineada
com a imaginação débil. Do alto dessa suposta sabedoria ele acha que conhece pontos fracos dela, pensa
que conseguiu decifrar sua debilidade. E ignora tanta
fortaleza. "Não tem problema", ela pensa. "É uma carta na manga". Ela escuta essa musica.
Essa musica que ele nunca dedicou, mas que escutaram juntos. E parece tão
bonito. E ela decide: é nossa. Borboletas e furacões. E ele nunca soube.
Ele nunca sabe tanta coisa. Tanta coisa desse
mundo particular, tão privado, tão fechado, tão solitário. Tão tristemente
solitário, ainda que acompanhado. É a
solidão mais triste, dizem. A solidão acompanhado. Esse monte de gente, essas
bocas que riem devorando almas, olhos sedentos de algo, ouvidos fechados para o
outro. Esse monte de gente que não enche vazio. Depois de tudo, ela olha a cama
desfeita. O corpo imóvel, traste de carne do sexo masculino, ainda jaze ali,
fazendo volume. Ela fecha os olhos. Sente o ar abafado do apartamentinho. Agarra os
sapatos. E de pés descalços sente o chão frio e as migalhinhas no piso
descuidado. Abre a porta. E com uma sede desesperada, a cidade a devora. Borboletas e furacões.
3 comentários:
Hei, hei
Belíssimo texto. Sempre passo por aqui em busca de novidades andinas.
Sempre passo por aqui. Nossa convivência no estimado DM foi breve, mas sempre venho aqui ver seus textos. Tô com um blog tb, entra lá depois. corvodadiscoria.blogspot.com
Thiago
Eu estava morrendo de saudade de vir aqui. Rs
Amo seu blog, essas palavras soam tão bem ao meu coração.
Esse texto me trouxe uma tristeza calma, bonita.
Lindo, lindo!
Beijos.
Postar um comentário