
- Se fosse Paris ou Nova Iorque, mas ninguém quer saber nada sobre a Bolívia. Esses textos não me interessam.
Chocada com tal comentário vindo de um jornalista brasileiro com anos de profissão, engoli minha indignação e desisti de argumentar. No final das contas até consegui a liberação e o jornal nem foi o motivo de eu não ter podido viajar. Mas o fato é que até hoje isso ecoa na minha cabeça e me faz querer cada vez mais mostrar porque me apaixonei por esse nosso vizinho. Cada vez que me lembro disso, sinto uma vontade enorme de que todo mundo saiba como são injustos os julgamentos de algumas pessoas que não dão valor à nossa América Latina, como se nem fizessem parte dela. A Bolívia é um país fascinante, delicioso e cheio de mistérios. Mas só encanta e transforma quem se abre para sua história e magia.
Conheci esse país graças à loucura maravilhosa de um grande mestre. Em 2006 o professor Nilton José foi aos poucos colocando em nós a sementinha dessa ideia, que deu origem ao I Colóquio BraBo e a uma parceria maravilhosa com a Escuela de Cine y Artes Audiovisuales de La Paz. O projeto foi amadurecendo e hoje é com muito carinho e orgulho que espero ansiosa pelo IV Colóquio BraBo, que começa no dia 26. Além das discussões do evento, esse ano duas turmas se preparam para tornar-se cineastas populares por meio do Curso de Cine Sin Fronteras. A semente tornou-se uma bela árvore que dá frutos a cada dia mais lindos.
Além de tudo isso que tem tomado proporções muito maiores do que as esperadas por nós no início, há outra herança maravilhosa: as pessoas que conhecemos e nos abrigaram no primeiro colóquio. Já são três anos de "convivência". Foram muitas alegrias, tristezas e lutas, compartilhadas virtualmente. Enquanto batalhávamos daqui para não deixar nossas ideias morrerem, eles, de lá, lutavam também. Com a chegada do IV Colóquio, quero fazer uma pequena homenagem, aqui, a algumas dessas pessoas. Eu só tenho que agradecer os momentos lindos que me proporcionaram, a amizade, o amor e os laços de irmandade. Muito obrigada. Que estejamos sempre unidos e que Pachamama abençoe nossos caminhos.
