sábado, 2 de maio de 2009

O retratinho

Eu estava tranquila. Sem frio para agasalhar. Sem sol para aquecer. Sem vento que arrepiasse os pêlos da nuca. Estava ali. Normal. Ser morno parece simples, mas é complicado. Isso porque quando se é morno, não há paixão. Quando se escreve morno, as letras saem retinhas, emparelhadas, sem provocar sensação ou sentimento. Ou se é frio, ou se é quente. Ser morno é conformismo. É levantar, beber o leite, trabalhar, voltar, trabalhar, ver a novela na TV e dormir depois de acalmar o coração não com amor, mas com remédio. E aqui estava tudo morno, sabe? Tão morno que dava medo.
De repente ele caiu no chão. O retratinho.

- Era 3x4, menina?
- Não, nem isso. Era um retratinho tão pequeno...

No retratinho estava o rosto do meu primeiro gesto de coragem, da primeira vez que liguei o foda-se. Era o retratinho da minha primeira descoberta de que existe mundo demais. Quando percebi que basta querer para colocar o pé na estrada e fazer sonhos serem realidade. Só é preciso disposição para encarar o mundo exterior e ter coragem para mergulhar no fantástico mundo interior - nosso e dos outros. E por que então estou aqui?

O retratinho esquentou tudo. Esquentou o incômodo pelo comodismo. Esquentou o zíper da mochila aberta esperando para ser preenchida. Esquentou o interesse pelos olhares invisíveis dentro do ônibus. E era só o seu retratinho, que ainda levo no coração mesmo com todas as transformações e problemas da vida. Era só aquele seu retratinho, sabe? Aquele mesmo da despedida...

Um comentário:

Anônimo disse...

eu tenho um retratinho seu na minha carteira marmota!
relíquia demais!
mas q não deixo cair não!
seguro e apeeeeeeerto mais que tudo pra vc ficar sempre mais eu!!!
^^