domingo, 5 de abril de 2009

O sussurro

Um sussurro no meio de tanta porrada. Uma pausa para respirar. Para sentir as coisas ao invés de apenas passar por elas. Nada provoca tanto os sentidos quanto o sussurro. Aquele sussurro ao pé do ouvido, que provoca um arrepio bom, mexe com o corpo todo. Quando dei esse nome ao blog, o fiz com o desejo de que minhas palavras provocassem um pouco das sensações intensas que o sussurro é capaz de provocar. A própria palavra sussurro é macia, doce, calma. Mesmo sendo dita em alto e bom som, ela já tem aquele tom macio... que de tão sutil se torna intenso. Experimente dizer SUS-SUR-RO.
Quando abandono o blog, é porque não consigo me atentar aos sussurros diários. Às vezes o estresse é tão grande e a desilusão tão profunda, que não consigo achar palavras que não sejam ásperas e desesperançosas. Sério, as pessoas se dedicam tanto a mostrar às outras que o mundo é uma merda e que não somos nada, que muitas vezes acreditamos nessa balela. Ainda bem que existe alguma luz, força ou entidade que não nos deixa desistir. Pode reparar. Sempre que estamos prestes a desistir dos nossos sonhos, algum sinal aparece. Alguma coisa acontece para nos mostrar que idiotice é desistir, é não lutar. Pode ser uma música, um filme, um tipo de pauta ou uma pessoa - ou várias delas. Parece que Deus nos manda alguns de seus anjos que estão por aqui disfarçados de gente.

Resolvi mudar a cara do blog. Me cansei do laranja. De repente quis algo mais suave, mais azul. Mais calmo. Resolvi mudar porque eu mesma tenho mudado bastante. Não é para melhor nem para pior. É só mudança. De repente bateu em mim que acabou há um ano a faculdade, e eu não sou mais uma adolescente. E a vida sabe ser dura, as pessoas sabem ser intolerantes, e não somos mais estagiários ou estudantes. Somos profissionais. É como disse minha psicóloga: "Bem-vinda, a vida adulta é isso". Só não quero ser desbotada. Quero que os tons pastéis estejam presentes na minha vida como sinal de calma, da calma que eu preciso tanto. Mas não como desesperança ou falta de intensidade. Quero, nas palavras d'O Teatro Mágico "acordar brilhando cada dia mais forte". Sem perder a leveza.

A foto da cabeça, aí em cima, é uma das fotos mais lindas que já vi. O trabalho é de um amigo que não vejo há tempos, Julius, que estudava Artes Visuais e fez francês comigo. Boas lembranças de tardes de papos felizes no bosque da UFG. Agora enquanto estou aqui, tentando amadurecer, Julius trancou o curso por problemas pessoais e está em sua cidade natal, Jataí. Espero do fundo do coração que no meio das turbulências de nossas vidas, um dia nos encontremos de novo para bater papo. Só sentar em qualquer lugar e falar sobre as bobagens da vida. Rir de nós mesmos. A imagem da cabeça teve que ser cortada para caber lá. Ela inteira está aqui embaixo. Todo mundo merece vê-la.

Passei horas ontem procurando uma boa imagem. Não achava de jeito nenhum. Foi quando esbarrei em arquivos antigos e encontrei essa foto. Não tenho o nome dela arquivado, nada. Mas ela exprime bem o sussurro. Não é algo para remeter ao sexual, e sim ao sensual, sensorial, sutil. É o abraço sublime, a união leve. O amor. Aquele abraço e sentimento pelo qual todos esperamos. A foto, assim como o sussurro, é intensa e ao mesmo tempo delicada. É linda. É arte. Assim como gostaríamos que fossem nossas vidas.


*Up: A foto faz parte de um ensaio chamado O corpo erotizado como objeto de arte. E tem o nome de EMBRACE.

2 comentários:

Liliam Freitas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Liliam Freitas disse...

Sussurros para sussurros...rs